sexta-feira, 2 de março de 2012

Museu de Arte Popular, um espaço a ser descoberto pelos cataguasenses

Matéria publicada na 3ª edição da revista TicTac. Texto do jornalista e editor da revista, Washington Magalhães.

Foto: Washington Magalhães
Um dos locais que merecem ser visitados em Cataguases é o Museu de Arte Popular-MAP, localizado no Salão Nobre da Escola Estadual Manuel Inácio Peixoto, no prédio do Colégio de Cataguases.

Logo na entrada, por onde passam os alunos, à direita de quem entra, uma vitrine horizontal, com formato de uma longa caixa, lembrando à primeira vista um aquário, fixada por duas colunas de metal cilíndrico, com mais ou menos cinco metros de extensão, paredes laterais e tampo superior de vidro transparente, hermeticamente fechada, expõe dezenas de trabalhos artesanais, procedentes de diversos países do mundo.

São peças em madeira, palha de milho, tecido, argila, metal, entre outros materiais. À esquerda, logo em frente à secretaria da escola, fazendo parte deste museu, encontram-se outras dezenas de peças, expostas em prateleiras de madeira, com portas de vidro permanentemente fechadas.

CHICO PEIXOTO

Esse museu, criado no final dos anos 40 do século passado, foi mais uma realização do escritor e educador Francisco Inácio Peixoto (1909-1986), em parceria com o acadêmico Marques Rebelo (1907-1973).

Para a época o MAP contrapunha-se aos ares modernistas que dominavam as artes, não só em Cataguases como em todo o Brasil. Era (e ainda o é), por suas características, um dos poucos museus de arte popular no país. Seu acervo - contam os que assistiram à sua criação – foi composto de peças adquiridas em variados lugares do mundo, e oferecidas em doação.

MODERNIDADE

Instalado num prédio projetado por Oscar Niemeyer, com paisagismo de Roberto Burle Marx, esculturas de Jan Zack e Alfredo Ceschiatti, painéis de Cândido Portinari e Paulo Werneck, entre outras obras, o MAP, ilhado num ambiente modernista, resistiu, por sua própria importância, às mudanças e aos descasos ao longo das últimas seis décadas.

Minimizado ante o gigantismo estético de outras obras, obras essas consideradas por muitos intelectuais, presunçosamente, de maior valor, ele, mesmo assim, transpôs o tempo e permanece inalterado.

VISITAÇÃO

As visitas podem ser feitas durante os dias da semana, nos três turnos de aulas das escolas estaduais instaladas naquele prédio. Museu de Arte Popular, um espaço cultural de Cataguases que ainda está por ser conhecido pelos cataguasenses.

RESGATE

Ressurge revigorado, já que o Governo do Estado, finalmente, está reformando o prédio e resgatando a obra de Niemeyer. Esse museu é uma das poucas manifestações culturais do complexo modernista do Colégio de Cataguases que mantém suas características originais. Venderam o painel, ajardinaram o paisagismo; picharam a escultura; vandalizaram o painel côncavo; modificaram o projeto arquitetônico original; descaracterizaram o parque esportivo; ou seja, “desmodernizaram o modernismo” de qualquer jeito. Mas o frágil e portentoso museu continua intacto. Vivo, vivíssimo em seu sarcófago de vidro.

Seu acervo merece ser visto e admirado pela singularidade e delicadeza das peças e pelo grau de dificuldade de confecção de cada uma delas. As diversas procedências dos trabalhos dão-lhe dimensão universal. Nele podem ser vistas obras de artistas populares da Europa, África, Ásia, Américas, e, especialmente, brasileiros, nordestinos, como Mestre Vitalino, nos fazendo sentir iguais a todos os povos, com a mesma capacidade de realização artística.

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